domingo, 22 de dezembro de 2013

Fresta




Abro a janela e vejo que você está me observando
Todos os dias, tenho que me valorizar para ti me desnudando,
Pois a visão de minha pureza é prova que está me conquistando
E assim vão-se os dias e finais de semana me contemplando.

Pena que a ilusão é o sonho que não se realiza
Faz-nos fugir sempre da utopia, cuja dor nem ameniza
De quem deseja encontrar-se com a alma precisa
E consumar a emoção que faz a carne adoecida

É fácil resolver essa situação: vamos quebrar o protocolo
Afinal, amar é como criança querendo colo
Ou seja, sair de casa, pular as regras, pessoas a tiracolo
E fazer tudo acontecer: subir ao céu, saindo do solo

Mas não é assim que a vida funciona
Pois em todo grupo há sempre convenções a seguir
Somos humanos e precisamos aos desejos suprimir
E viver a vida como: o suspiro que aciona

Sabe o que é uma fresta?
É uma oração feita no abismo
É o apocalipse de cataclismo
É a fenda da nossa festa!

Então te espero na surdina
Nos interregnos da nossa buzina
Eu fecho, você abre. É a sina
Do amor e do amar que se destina

Não quero te tocar e nem quero ser tocado
Quero, apenas, sentir a essência do esperado
Sentimentos que hão de ser eternos: aqueles pensados
E viveremos, sim, distantes, mas sempre um ao outro atados

O amor é um fresta que se abre para a janela das descobertas!