terça-feira, 9 de abril de 2013

Tobogã



Meu amor não é platônico, mas é cheio de vertigens
Mexe com os neurônios, repletos de extensas fuligens
Põe-me em desmaio de íons, tão frágeis como as virgens
Sou corpo morto em travesseiro, pairando sobre nuvens

Fico deslizando, rolando. Ilusão sentida à volta
Minha fronte é dolorida. Os olhos vivem à reviravolta
Leve tontura adormecida. Perda de sons na ribalta 
Delíquios vagando, ecoando. A luz diz-se alta

Há diferentes sensações, indefinidas quando em pé
Por isso as divagações, corriqueiras na vida a ré
São agitos das ondulações, aproveitadas pela maré
Só fôlegos das respirações dizem que estou vivo até

Espera-se no alto, olha-se para baixo e vejo a dificuldade
Dá medo, pavor, sensação de que não há mais felicidade
Frio na barriga indica que há reflexão da tenra pós-modernidade
Desço bailando entre os vãos do vai-e-vem da contemporaneidade

Sobre este amor quero que entenda, ó leitor enciumado
Nada que eu ame é isento dos rodopios frequentes já dados
Sobre este amor quero que entenda, ó leitora enciumada
Nada que eu ame é isento das súbitas doenças armadas

O amor é como um tobogã – pista delizante de diversão
Começa alto, cheio de fantasias, donde se vê tudo
Ele é rápido demais e não amadurece. Vive só de paixão
Chega no chão, consciente da realidade, medo de luto