sexta-feira, 8 de março de 2013

Semantir


Aspergindo sentimentos avessos sobre os outeiros,
que jamais entenderão a dor de terceiros.
Não é o primeiro, mas o quarto. Infelizmente, o derradeiro.
Sigo, não certeiro, mas mosteiro, refletindo em nevoeiro.

Sentimento só é sentido na vida concedida
Jamais será verdadeiro em alma partida
Viver é senti-lo amar manhã, noite e dia
Em cada nhanhar, intensa melodia

Amo as paixões complexas, as simples passam
Nelas, encontro a conjunção dos valores
Sou presa afortunada, pois me caçam
Se não curto, adeus. Não aos dissabores,
Invento fantasia dos horrores
De ex-amores
Cantores
Com odores
Em cores

Sentir é planejar um crime. Amar é cometê-lo.
Viver é expurgar-se do castigo de tê-lo
Morrer é culpar-se da vida ferida
Assassina, cruel, bandida!

Semantir é para os que sabem sentir amar
Pois foram abençoados divinamente
Não adianta em léxicos procurar
O vernáculo dado espiritualmente

Resolvi viver em não ter, vazio eternamente
Resolvi sentir em não ser, espírito materialmente
Resolvi imaginar em não ver, cego epicamente
Resolvi ignorar em não ouvir, mudo apaticamente

Sou pura essência do amor sentido,
Aquela do que é proibido
Cá entre nós, o da libido.
Há anos sendo concedido

Voltarei aos outeiros. Dessa vez, não aspergirei
Esperarei com esperança, e encontrarei
No alter o depósito do meu sentimento
E viverei, pois amarei sem sofrimento